quinta-feira, 1 de maio de 2014

A RELAÇÕES ENTRE O INDIVIDUO E A SOCIEDADE



Entre os estudiosos que se preocuparam em analisar a relação dos indivíduos com a sociedade, destacam-se Karl Marx, Émile Durkheim, Max Weber, Norbert Elias e Pierre Bourdieu.

Karl Marx, os indivíduos e as classes sociais
Para o alemão Karl Marx (1818-1883), os indivíduos devem ser analisados de acordo com o contexto das situações sociais, já que produzem as condições de sua existência em grupo. Segundo Marx, a relação entre um empresário e um empregado não é apenas entre indivíduos, mas também entre classes sociais. As condições que permitem esse relacionamento são definidas pela luta que se estabelece entre as classes, com a intervenção do Estado. De acordo com Marx, as pessoas constroem sua história, mas não da maneira que querem, pois os fatos são condicionados por situações anteriores.
Para Marx, só é possível entender as relações sociais dos indivíduos com base: nos antagonismos; nas contradições; na complementaridade entre as classes sociais.
De acordo com Marx, a chave para compreender a vida social contemporânea está na luta de classes, que se desenvolve à medida que homens e mulheres procuram satisfazer suas necessidades, “oriundas do estômago ou da fantasia”.

Émile Durkheim, as instituições e o indivíduo
Para o francês Émile Durkheim (1858-1917), a sociedade sempre prevalece sobre o indivíduo, dispondo de certas regras, normas, costumes e leis que formam uma consciência coletiva.
A família, a escola, o sistema judiciário e o Estado são exemplos de instituições que congregam os elementos essenciais da sociedade, dando-lhe sustentação e permanência. Condicionado e controlado pelas instituições, cada membro de uma sociedade sabe como deve agir para não desestabilizar a vida comunitária. Sabe também que, se não agir da forma estabelecida, será repreendido ou punido, dependendo da falta cometida. Segundo Durkheim, o processo dissemina as normas e valores da sociedade e assegura a difusão de ideias formam um conjunto homogêneo, para que a comunidade permaneça integrada e se perpetue no tempo.

Max Weber, o indivíduo e a ação social
Para o alemão Max Weber (1864-1920), a sociedade existe concretamente, mas não é algo externo e acima das pessoas, e sim o conjunto das ações dos indivíduos relacionando-se. Partindo do indivíduo e de suas motivações, Weber pretende compreender a sociedade.
 O conceito básico para Weber é o de ação social, entendido como o ato de alguém se comunicar, se relacionar, tendo alguma expectativa sobre as ações dos outros. O termo “outros” pode significar tanto um indivíduo como vários, indeterminados e até desconhecidos. Ao analisar o modo como as pessoas agem e levando em conta a maneira como orientam suas ações, Max Weber agrupou as ações individuais em quatro grandes tipos:
Ação tradicional tem por base um costume arraigado, a tradição familiar ou um hábito. É um tipo de ação que se adota quase automaticamente, reagindo a estímulos habituais. Expressões como “Eu sempre fiz assim” ou “Lá em casa sempre se fez desse jeito” exemplificam tais ações.
Ação  afetiva tem por fundamento os sentimentos de qualquer ordem. O sentido da ação está nela mesma. Age afetivamente quem satisfaz suas necessidades, seus desejos, sejam eles de alegria, gozo, de vingança, não importa.
Ação racional com relação a valores fundamenta-se com convicções, tais como o dever, a dignidade, a beleza, a sabedoria, a piedade ou a transcendência de uma causa, qualquer que seja seu gênero, sem lavar em conta as consequências previsíveis.
Ação racional com relação a fins fundamenta-se numa avaliação da relação entre meios e fins. Nesse tipo de ação, o individuo pensa antes de agir em uma dada situação.
Para o sociólogo, as normas, os costumes e as regras sociais estão internalizadas nos indivíduos, que escolhem condutas e comportamentos dependendo de cada situação.

Norbert Elias e Pierre Bourdieu: a sociedade dos indivíduos
Segundo o alemão Norbert Elias (1897-1990), em seu livro A sociedade dos indivíduos, é somente nas relações e por meio delas que “os indivíduos podem possuir características humanas, como falar, pensar e amar”. Só é possível trabalhar, estudar e divertir-se em uma sociedade que tenha história, cultura e educação, e não isoladamente.
O conceito de configuração
No grupo social não há separação entre indivíduo e sociedade. Tudo deve ser entendido de acordo com o contexto; caso contrário, perde-se a dinâmica da realidade e o poder de entendimento. Para superar a dicotomia entre indivíduo e sociedade, Elias formulou o conceito de configuração, que pode ser aplicado a pequenos grupos ou a sociedades inteiras, constituídas de pessoas que se relacionam. Exemplo: jogo de futebol.
Para realçar a interdependência entre as pessoas, Elias utiliza a expressão sociedade dos indivíduos, que destaca a unidade, e não a divisão.
O francês Pierre Bourdieu (1930-2002) destaca a articulação entre as condições de existência do indivíduo e suas formas de ação e percepção, dentro ou fora dos grupos. Ele retoma o conceito de habitus, formulado por Elias.
O conceito de habitus
Para Elias, habitus é um saber incorporado à vida em sociedade.
Para Bourdieu, é a relação entre as práticas cotidianas – a vida concreta dos indivíduos – e as condições de classe de determinada sociedade. 
Segundo Bourdieu:
> o indivíduo constrói um habitus próprio à medida que se relaciona com pessoas de outros universos;
> os conceitos e valores dos indivíduos têm uma relação com o lugar que ocupam na sociedade;
>  não há igualdade de posições, pois se vive numa sociedade desigual.
 Tomazi, Nelson Dacio, Sociologia para o ensino médio / Nelson Dacio Tomazi - 2ª edição - São Paulo: Saraiva, 2010.páginas 23 - 31.

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